Vem aí o Entrudo Chocalheiro!

A antiga província de Trás-os-Montes e Alto Douro já está a preparar-se para viver uma das suas festividades mais peculiares: o Entrudo Chocalheiro! Estas festividades fazem parte de uma tradição milenar celebrada essencialmente no Nordeste Transmontano: em várias aldeias de Macedo de Cavaleiros (de modo especial em Podence), Bragança, Vinhais e Vimioso, e também na Beira Alta (Lazarim – Lamego: Entrudo dos Compadres).
No Alto Minho, em Lindoso (Ponte da Barca), o Entrudo do Pai Velho é uma tradição ancestral que repesca as raízes do verdadeiro Carnaval Português. Dois carros de bois passeiam pelas ruas da aldeia: um transporta o Pai Velho (a figura mítica do Carnaval), o outro é feito à base de vegetação. O deambular pela aldeia é feito com o acompanhamento de bombos, recriando uma das festas mais genuínas do Alto Minho.
Na aldeia de Podence (concelho de Macedo de Cavaleiros) não se consegue compreender o Carnaval sem a presença e as actividades frenéticas das enigmáticas figuras dos “caretos”. São eles que animam todos os rituais destes dias de folia, papel que, com o passar dos anos, também vai sendo assumido pelas raparigas.
Os dias grandes desta festividade são, indubitavelmente, o Domingo Gordo e a Terça-feira de Carnaval, e durante este tempo os Caretos só param para matar a sede ou para combinarem mais uma investida sobre o Largo da Capela, a pequena praça da aldeia onde todos assistem ao ritual, e ninguém se atreve a opor-se às iras dos Caretos endiabrados.
Apenas as raparigas disfarçadas de homens e vice-versa (conhecidas como Matrafonas) são poupadas à rápida e simples justiça carnavalesca, bastante peculiar no caso da aldeia transmontana de Podence: os demónios mascarados lançam-se ao assalto das moças e encostando-se a elas, ensaiam uma dança um tanto ou quanto erótica, agitando a cintura e fazendo embater os chocalhos que trazem pendurados contra as ancas das vítimas. Não conhecem entraves ou proibições: subir às varandas, trepar aos telhados ou correr pelo Largo da Capela. Tudo vale para «chocalhar» e misturar o tilintar dos chocalhos com os risos das raparigas.
Na Terça-feira Gorda, a aldeia vai mergulhar de novo numa vertigem de correrias e travessuras que só terminarão com o cair da noite e com o cansaço dos demónios de fatos de franjas de lã de cores vivas, as quais ficarão guardadas até à próxima actividade.
(Texto adaptado)

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